"Conversa com Bial" opta pelo talk e acaba dando show com entrevistas

Divulgação/TV Globo
No geral, os talk shows foram feitos para os humoristas brilharem. Nos Estados Unidos, onde o gênero se consagrou, muitos foram e são sucesso, como David Letterman, Jay Leno, Jimmy Fallon, Jimmy Kimmel e James Corden. Por aqui, a moda é mais recente, mesmo com Jô Soares fazendo esse tipo de programa há mais de vinte anos. Com a "aposentadoria" dele, sobraram Danilo Gentili, Fábio Porchat, Marcelo Adnet e, mais recentemente, Tatá Werneck e Gregório Duvivier. O jornalista Pedro Bial se juntou, nesta semana, a esse time, mas já mostrou logo de cara que a proposta dele é outra.
"Conversa com Bial", que estreou na terça-feira (2), a julgar pelos primeiros entrevistados, mostrou que vai nadar contra a corrente que privilegia o show em vez do talk. Interessado no material humano que senta ao seu lado, Bial encara o conteúdo como a sua "fórmula de sucesso". Isso ficou claro nas duas primeiras entrevistas, com a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármem Lúcia, e com a cantora Rita Lee.
Com a ministra, o apresentador não fugiu a temas atuais e pertinentes, como corrupção e decisões da Corte em relação à Operação Lava Jato. Com a participação da atriz e escritora Fernanda Torres, a conversa também enveredou para questões relacionadas a ética e ao momento político do Rio de Janeiro. Aspectos pessoais e interessantes da vida de Cármem Lúcia também não fugiram da pauta e a "mineirice" da ministra rendeu bons momentos. Nem mesmo um escorregão em relação à liberdade do ex-ministro José Dirceu, que não foi citada no papo, gravado um dia antes do fato, prejudicou o andamento do programa.
Divulgação/ TV Globo
Promovendo o sucesso de sua autobiografia, Rita Lee, no segundo programa, falou sobre a carreira e lembrou momentos marcantes e curiosos de sua trajetória artística. Sincera como poucos, inclusive no livro, a cantora falou abertamente sobre drogas, escolhas e, é claro, música. Recorrendo a gravações históricas e imperdíveis, a atração fez a artista relembrar de canções e cenas clássicas da carreira de Rita.
É bem verdade que um programa desse formato depende muito do entrevistado, mas "Conversa com Bial" já deixou claro que está interessado em uma bela prosa, que estava fazendo muita falta na televisão, especialmente com a saída do ar dos programas de Marília Gabriela e, em algumas oportunidades, de conversas inspiradas de Jô Soares. De fato, Bial já tinha mostrado, no ano passado, com "Programa com Bial", no GNT, que podia contribuir e muito para boas conversas na televisão.
Não há nem demérito em seguir a linha de show e divertir o público com muitas risadas, como fazem Gentili, Tatá Werneck e Jallon. Bial, no entanto, seguindo o caminho do talk, ocupa uma lacuna interessante e necessária na TV. Que sua trajetória no formato gere cada vez mais frutos positivos para o telespectador.

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